Psicanalista pelo Centro de Estudos Psicanalíticos (CEP), com experiência clínica no atendimento de sujeitos e grupos dentro de instituições. Foi colaboradora do Núcleo de Psicanálise e Ação Social (NUPAS) (2021-2022). Estuda os sofrimentos narcísicos-identitários, o comer transtornado, e a psicanálise vincular. Em outras palavras, pensando de uma perspectiva psicanalítica as relações que as pessoas estabelecem umas com as outras, e os modos pelos quais podemos lidar e atravessar conflitos.
o que eu faço
Eu sou psicanalista. O psicanalista é quem propõe e sustenta um espaço no qual se pode falar e ser escutado. A escuta do psicanalista leva em conta o que um sujeito conta de si mesmo, considerando também o seu inconsciente. No trabalho analítico, colocamos em prática muitas operações: do falar ao ouvir; do ouvir ao sentir; do sentir ao pensar; do pensar ao fazer – e, na direção contrária, do fazer ao pensar.
É a constância desse trabalho que vai permitir a composição, fio a fio, e ponto a ponto, de uma trama de texturas e cores únicas, diante da qual quem sabe vai ser possível que um sujeito se desloque, na direção de ser mais aquilo que pode.
o que faz o psicanalista
O psicanalista é o profissional que escuta o inconsciente. Na definição de Elisabeth Roudinesco, ter um inconsciente é ter dentro de si um lugar que se esconde da consciência, cheio de imaginação, de intuição e de emoções. O inconsciente, ela diz, é quando você não decide.
O que um psicanalista faz, quando escuta o inconsciente, é analisar. Analisar é pensar sobre as relações que cada sujeito tem com as pessoas (por exemplo, pai, mãe, irmãos, filhos, o chefe, amigos e inimigos) e as coisas do mundo (dentre as quais a família, o trabalho, a sexualidade, o dinheiro).
Analisar é tarefa de quem se propõe a ouvir sobre a repercussão que tem para cada sujeito os acontecimentos grandes e pequenos de uma vida. Ver nascer um filho, começar a ter medo de elevador, perder o emprego, descobrir uma doença grave ou um segredo de família, casar-se, envelhecer. Analisar é separar esses acontecimentos em partes ainda menores, poder pensar sobre os sentidos deles, e depois recompor de outro jeito.
como se forma um psicanalista
O psicanalista não é necessariamente um psicólogo.
O psicanalista é alguém que se alfabetizou na linguagem do inconsciente, por meio de um percurso que inclui a sua própria análise, o estudo da teoria psicanalítica, e a supervisão da prática clínica.
A análise pessoal do analista permite que ele compreenda seus modos de funcionamento. A análise o ajuda a não se misturar nas histórias de vida de outras pessoas. Pois, embora os sofrimentos se pareçam, somos todos radicalmente diferentes uns dos outros.
Um analista precisa estudar a teoria psicanalítica. A teoria conta de um pensamento que se deu a partir de uma experiência vivida com determinados sujeitos, e depois pensada por outras pessoas, em um tempo histórico diferente do nosso. A teoria não é trilho de trem. Ela conta das trilhas percorridas por um analista no encontro com determinadas pessoas que o autorizaram a analisá-las.
O psicanalista que exerce a clínica precisa ser supervisionado. O supervisor do psicanalista é um profissional mais experiente, que escuta o analista contando o que sente e ouve, o que deixa de sentir e ouvir com cada um de seus analisandos. Junto com o supervisor, o analista da sua clínica pode pensar caminhos para o seu trabalho.
também sou
O engajamento com questões sociais marca minha trajetória desde antes da psicanálise. Me formei jornalista e trabalhei em organismos internacionais (Banco Interamericano de Desenvolvimento), órgãos governamentais (Ministério da Saúde e Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente) e não-governamentais (Rede ANDI Brasil e CineMaterna), na defesa do direito ao conhecimento, pela promoção da saúde e segurança das pessoas trabalhadoras, dos direitos das mulheres, das crianças e adolescentes.
Sou pós-graduada em Escrita Criativa de Não Ficção pelo Instituto Vera Cruz, e com especial interesse em processos de ensino-aprendizagem. Me acompanharam nesse percurso três perguntas ainda muito vivas: como se dá a aprendizagem? O que é possível ensinarmos? O que é possível aprendermos?
Meu primeiro livro (Antes que eu me esqueça), um ensaio que conta a história de uma viagem à China, e de uma amizade, e da importância de contarmos histórias, foi lançado em 2023 pela Editora Quelônio, graças a um incentivo do Programa de Ação Cultural do Governo do Estado de São Paulo (Proac).
Fora da psicanálise, mas com fins terapêuticos, promovo rodas de conversa a partir da leitura de textos de ficção e não ficção, muitas vezes com um recorte temático, como os rompimentos amorosos e a relação entre mulheres que são mães e mulheres que são filhas. Também ofereço oficinas em grupos para quem quer se relacionar com a escrita num lugar de experimentação, além de mentoria individual para quem tem e quer desenvolver seus projetos literários.